Minha querida Ada,
Tens muitas perguntas, que são perfeitamente inteligíveis, de fato. Rogo para que seja capacitado a respondê-las no momento oportuno. Por agora, apenas informo que mantenho o papel com a sua persona guardado com o maior dos esmeros, dentro de um baú de metal no qual guardo outros pedaços de minha vida. Nessa peça há dez palavras, memorizadas prontamente em meu cérebro:
Ada
Pensamento
força
Obstinada
Espírito
Paz
Frágil
Melodia
Sombras
Brilho
Essas palavras me saltaram aos olhos rapidamente. Havia outras pessoas que configuravam palavras escuras, como "dinheiro", "marrom", "sarcasmo", "vazio". A sua combinação, aos meus olhos, foi a mais bela de todas. Confesso que minha curiosidade em abrir todas essas palavras em ti é maior do que eu, no momento.
Não, nunca conheci Eugênio. Ele sequer sabia da minha existência, pois eu não constava da sua relação de papéis.
Saudosos abraços,
Tito
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Rio, 6 de setembro de 1989
Caro Tito,
Sua carta me emocionou muito. A ferida causada pela morte de meu primo ainda não se fechou e duvido que isso aconteça algum dia. Mas creio que sua iniciativa em memória dele é, no mínimo, muito bonita. Tenho tantas perguntas. Demorei tanto a responder sua carta, peço desculpas por isso. Mas tudo é muito intenso para mim. A nossa perda recente, receber uma carta com o selo da Torre de Piza justamente em um dia que eu pensei que fosse desabar de uma vez. Ainda estou muito confusa. Preciso perguntar-lhe algumas coisas: Você e Tito se conheciam? Qual seu grau de parentesco? Somos parentes, eu e você? O que mais foi enviado à Itália? A que pessoas? O que dizia no papel com meus dados, que o fez desejar me conhecer profundamente, ou desejar profundamente me conhecer, dentre tantas pessoas? (creio que era isso que você quis dizer, perdoe minha interpretação invasiva). Não se preocupe a respeito de sua gramática. Não é ruim, acredite. É de certa forma fascinante observar sua forma de escrever.
Até breve,
Ada
Sua carta me emocionou muito. A ferida causada pela morte de meu primo ainda não se fechou e duvido que isso aconteça algum dia. Mas creio que sua iniciativa em memória dele é, no mínimo, muito bonita. Tenho tantas perguntas. Demorei tanto a responder sua carta, peço desculpas por isso. Mas tudo é muito intenso para mim. A nossa perda recente, receber uma carta com o selo da Torre de Piza justamente em um dia que eu pensei que fosse desabar de uma vez. Ainda estou muito confusa. Preciso perguntar-lhe algumas coisas: Você e Tito se conheciam? Qual seu grau de parentesco? Somos parentes, eu e você? O que mais foi enviado à Itália? A que pessoas? O que dizia no papel com meus dados, que o fez desejar me conhecer profundamente, ou desejar profundamente me conhecer, dentre tantas pessoas? (creio que era isso que você quis dizer, perdoe minha interpretação invasiva). Não se preocupe a respeito de sua gramática. Não é ruim, acredite. É de certa forma fascinante observar sua forma de escrever.
Até breve,
Ada
Roma, 13 de agosto de 1989
Querida Ada,
Permita que me apresente. Meu nome é Tito, sua da Roma, em Itália. Permita que explique o motivo de minha carta. Em verdade, é um tanto doloroso dizê-lo, mas o motivo é sério e verdadeiro. Após a morte de nosso parente, alguns de seus pertences foram viajados até a Itália, onde parte de nossa família vive. Esse fato foi fruto de um pedido feito por ele mesmo a sua mãe, enquanto todos estavam no hospital. Não vou perturbá-la com mais detalhes a respeito, porque já devem ser de seu conhecimento, de maneira melhor que do meu, acredito. Dentre tais pertences, Eugênio enviou uma pasta com diversos papéis, nos quais escreveu nomes de pessoas e palavras a respeito delas, juntamente com os respectivos endereços para correspondência. Em um dos papéis havia a descrição de sua persona, com detalhes que me atraíram a escrevê-la, dentre os milhares de detalhes escritos em função de 158 pessoas. Foi um trabalho laboroso alcançar o ponto de escolhê-la, mas acredito que tenha realizado um bom resultado. Gostaria de conhecê-la profundamente, gostaria de receber sua amizade um dia. Acredito que era esse o motivo de Eugênio transferir suas pessoas em papéis através do oceano.
Seu verdadeiramente,
Tito
PS: Permita que eu peça perdão por meu inglês fraco. Espero que não seja obstáculo perante a minha escrita.
Permita que me apresente. Meu nome é Tito, sua da Roma, em Itália. Permita que explique o motivo de minha carta. Em verdade, é um tanto doloroso dizê-lo, mas o motivo é sério e verdadeiro. Após a morte de nosso parente, alguns de seus pertences foram viajados até a Itália, onde parte de nossa família vive. Esse fato foi fruto de um pedido feito por ele mesmo a sua mãe, enquanto todos estavam no hospital. Não vou perturbá-la com mais detalhes a respeito, porque já devem ser de seu conhecimento, de maneira melhor que do meu, acredito. Dentre tais pertences, Eugênio enviou uma pasta com diversos papéis, nos quais escreveu nomes de pessoas e palavras a respeito delas, juntamente com os respectivos endereços para correspondência. Em um dos papéis havia a descrição de sua persona, com detalhes que me atraíram a escrevê-la, dentre os milhares de detalhes escritos em função de 158 pessoas. Foi um trabalho laboroso alcançar o ponto de escolhê-la, mas acredito que tenha realizado um bom resultado. Gostaria de conhecê-la profundamente, gostaria de receber sua amizade um dia. Acredito que era esse o motivo de Eugênio transferir suas pessoas em papéis através do oceano.
Seu verdadeiramente,
Tito
PS: Permita que eu peça perdão por meu inglês fraco. Espero que não seja obstáculo perante a minha escrita.
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